RESENHA: Céu Sem Estrelas - Íris Figueiredo
- Déborah Passos
- 13 de abr. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 18 de abr. de 2020
Céu Sem Estrelas
Editora Seguinte | 5🌟⠀

❝—Não existe um céu sem estrelas, Cecília. Mesmo quando estão cobertas de nuvens, ainda estão lá. A gente só não consegue enxergar.❞
Céu Sem Estrelas 🌌 é um #euleionacional e conta a história da Cecília que acabou de completar 18 anos. Depois de perder o emprego e de ter uma briga terrível com a mãe, decide passar uns tempos na casa da amiga. Lá, se aproxima de Bernardo, o irmão mais velho, e logo os dois começam um relacionamento. Apesar de estar encantado por Cecília, ele esconde seus próprios traumas e ressentimentos, e terá de descobrir se finalmente está pronto para se comprometer. Ela, precisará lidar com as inseguranças em relação ao corpo — e com a instabilidade de sua própria mente.
👩🏻🦱Cecília tem problemas de autoestima pelo fato de ser gorda (e sofrer gordofobia das pessoas ao redor). Uma série de problemas decorridos por uma mentira, a faz se mudar para a casa da Iasmim. Ela sofre um enorme medo de abandono e sente que a mãe não gosta de tê-la por perto. Frustrada, mergulha em pensamentos depressivos, suicidas e autodestrutivos.
”(...)Descobri que a minha força sempre esteve dentro de mim — eu só não dava muita atenção a ela.”
🌟O enredo é muito sensível, com uma escrita super fluida, doce e apaixonante. Com personagens encantadores que rapidamente se conectam com o leitor. Típico livro para se ler em apenas um dia de tão incrível. Repleto de emoção, a leitura nos deixa uma mensagem delicada, mas motivacional de superação. Adorei a forma como a autora conseguiu alternar os capítulos entre os jovens, mostrando como todos viam o mundo.
Apesar do romance de Cecília com Bernardo ser um pouco clichê, foi bem bonito de ler as conversas sinceras e o crescente afeto entre eles.
É importante ressaltar que as pessoas cometem erros e eles tem consequências na vida de todos. Céu Sem Estrelas mergulha em temas, como depressão e automutilação causadas pela forma como Cecília vê e sente o mundo. Desde jovem, precisou carregar o peso de não ser como outras meninas e cada uma de suas escolhas reflete a maneira como ela própria se vê.
O livro é repleto de comentários sobre "estar fortinha", entrar em uma loja e descobrir que o maior número do manequim não serve, ele mostra o quanto essas situações perturbam e servem para questionar o leitor, para mostrar que o padrão de corpo imposto pela nossa sociedade é, acima de tudo, prejudicial. O mais perturbador é que são comentários cotidianos, ninguém percebe mais o que sai da boca, ninguém percebe que machuca. As pessoas pararam de se importar com as outras.
"Tinha dias em que não havia cores suficientes para expressar o que eu sentia. Em outros, eu não sabia o que estava criando, e as folhas iam parar na lata de lixo. Duvidava de tudo, especialmente de mim mesma. Me sentia uma farsa, como se até os desenhos que eu tanto amava fossem uma grande mentira. Mesmo assim eu desenhava.”
Um livro mais que tocante, realista. Acho que todos nós deveríamos ter um desse na nossa estante, porque sempre haverá várias Cecília’s no mundo. Em algum momento da vida.
Livro incrível! (alerta para gatilho emocional, gordofobia e suicidio)
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“Parte de mim sabia que era irracional, mas a outra repetia o mantra: Você é gorda. Você é feia. Você come feito um animal. Ninguém te acha legal. Ninguém te acha bonita. Ninguém te acha interessante. Nem seu pai gosta de você.”
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